quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Só não pode ser chato

Claro que o olhar doce, o gosto para filmes e o jeito esperto de conduzir uma conversa contaram muitos pontos a favor do mais recente homem-mais-incrível-que-já-conheci, mas a tacada final (que brega!) dentre essas coisas que decidem se o rapaz fica no "é legal" ou pula para "pode bem ser o homem da minha vida" foi quando ele, despretensiosamente e sem cerimônias, pegou a garrafa de vinho pelo gargalo e virou um gole. Sem taça, sem cafungadas na rolha e sem explanações sobre origem e acompanhamentos. Ele queria beber e só tinha vinho. Não estávamos em um restaurante e nos conhecíamos há pouco tempo. Depois desse gesto - brusco, singelo, natural - retornou à conversa, sem preocupações se eu havia reparado. Natural, apenas isso. E foi nisso mesmo que eu reparei: na naturalidade.

Não venho aqui fazer um apelo à volta do macho alfa, do homem barbado e suado que só corta o cabelo no barbeiro barrigudo de toalhinha pendurada no ombro e acha que lugar de mulher é no tanque. Não. O homem incrível de quem falo assiste comédia romântica e gosta de cozinhar, sabe palavras em francês e tem camisas bonitas. Mas tem também aquilo que considero necessário para que haja encantamento de minha parte: autenticidade.

O papo aqui vai além da já batida questão "metrosexual versus macho que cospe no chão". É um apelo por menos chatice. E por chatice, digo: querer adivinhar o que as mulheres gostam e levar aquilo como regra, testando insistentemente com todas elas. Chatice do rapaz que mal me desejou bom dia e já foi contando que o sábado dele foi ótimo porque ficou a tocar músicas românticas no violão ao invés de sair com os amigos.

Errou a mão. Feio. Muitas mulheres gostam de um cara romântico, mas não quando ele precisa soltar isso aos quatro ventos a qualquer momento, no meio da conversa ou enquanto pede uma cerveja.

Muitas mulheres gostam de um homem sofisticado, que entende de vinhos, de café, de cerveja, de massas, mas quando essas informações aparecem com o tempo, e são só mais um detalhe na fórmula mágica que compõe o cara mais incrível de nossas vidas.

Aquele lance de sexto sentido é coisa nossa, lembram? Então, não adianta forçar carinhos e apelidinhos melosos ou fingir conhecimento. Para nós, vale mais aquele olhar que bambeia entre o encantado e o safado enquanto abotoamos a sandália do que mil "meu amor, minha lindinha, minha princesa".

Parece que muitos rapazes estão perdidos, afobados, ansiosos por conquistar as mulheres - essas doidas que cada vez têm menos medo de falar do que gostam. Por isso, se envolvem superficialmente com o que não conhecem, tentam fingir o que não são, falam do que não gostam, quando a regra é bem simples: sejam vocês, que o resto flui. Não tem coisa mais atraente que a autenticidade. E se o negócio do moço for mesmo falar dos bouquets do vinho, vair cair bem na hora certa, e a moça, claro, vai adorar.

***

Ou, como disse um amigo meu: "fácil era quando bastava chegar dando murro na mesa".

3 comentários:

Maria disse...

Ontem eu estava falando sobre isso com um amigo... de gente que desanima porque você tá sentindo que não vai ser autêntica. Aí ele disse que eu fico sempre na defensiva.

Mas e o sexto sentido? Não tem como saber que tá tudo errado e não se defender disso.

Rosa disse...

Eu ainda me desespero muito com a pior das tentativas: quando eles leem o nosso blog e tentam fazer tudo do jeito que acham que entenderam, ahahaha.

Brincadeiras à parte: eu tenho muito medo dessa geração de homens ultra-sensíveis e de mulheres, como eu, ultra-sinceras. A combinação destrói qualquer autenticidade, de ambas as partes.

E o naturalmente forjado ainda vai matar mais que o crack.

Excelente texto, sócia gostosa.
Beijo.

Anônimo disse...

duro é quando vc tem tudo que é necessário, e mesmo assim não é o escolhido.